Tristeza ou Depressão?

Muitas pessoas me perguntam se estão com depressão
porque estão tristes. Na verdade, a tristeza é uma das
emoções básicas do indivíduo e, se for situacional e
transitória, é normal e até fisiológica. Aliás, a tristeza eu
diria que é salutar para a nossa evolução como um todo;
entretanto, essa tristeza pode tornar-se a doença chamada
de depressão se persistir por longo período e for sentida
na maior parte do dia, causando prejuízo no funcionamento
global do indivíduo. O luto é um exemplo de tristeza
situacional e transitória, mas pode tornar-se depressão sim.
O luto normal é caracterizado basicamente por três etapas:
negação, adaptação e aceitação. Vale ressaltar que o luto
não envolve apenas a perda de pessoas, mas também
as perdas pessoais relacionadas à saúde ou de
suas capacidades funcionais.
Outra forma de identificar se o estado de tristeza
transformou-se em depressão é observar a desesperança.
Indivíduos apenas tristes, mas não deprimidos, não perdem
a capacidade de acreditar no futuro e na sua melhora. Não
deixam de acreditar em si mesmos. Vale ressaltar que
algumas variações de humor são absolutamente normais
na medida em que nenhuma pessoa é tão linear nas suas
expressões emocionais. Aliás, um indivíduo que não fica
triste não é considerado normal.

Quando se percebe a depressão é momento de procurar
um psiquiatra. Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), a depressão afeta mais de 320 milhões de indivíduos
no mundo e é a quarta maior causa de incapacidade. No
Brasil, cerca de 5,8% da população, ou seja, 11,5 milhões de
brasileiros, têm a doença.
O tratamento será sempre individualizado, até porque
existem vários tipos de depressão e diferentes graduações.
Além disso, precisamos levar em conta que cada indivíduo
reage de uma forma diferente à mesma abordagem
terapêutica na medida em que tem vivências diferentes
e que não possui a mesma genética e condições clínicas
dos demais. Para mim, a única regra que vale para todos
os pacientes é a necessidade da mudança no estilo de vida
com resultados surpreendentes, principalmente se um dos
objetivos for prevenir episódios futuros.
Perca o medo e o preconceito, não perca tempo.
Procure um psiquiatra.